Breve resumo da história de Petrópolis.
O Primeiro Imperador do Brasil, D. Pedro I, viajando em direção à Vila Rica, Minas Gerais, com objetivo de buscar apoio ao movimento da nossa Independência, encantou-se com a Mata Atlântica e o clima ameno da região serrana. Ele hospedou-se na fazenda do Padre Correia e chegou a fazer uma oferta para comprá-la. Diante da recusa da proprietária, resolveu comprar a Fazenda do Córrego Seco, que foi deixada como herança para seu filho D. Pedro II, que nela construiria sua residência favorita de verão.
A construção do belo prédio neoclássico, onde funciona atualmente o Museu Imperial, teve início em 1845, e foi concluída em 1862. Para dar início à construção, D. Pedro II, então com 18 anos e recém casado, assinou um decreto em 16 de março de 1843, criando a cidade de Petrópolis.
Imigrantes alemães, italianos, portugueses dentre outros, construíram essa cidade que orgulhosamente abre os braços para turistas do mundo todo.
Os motivos da minha visita à Petrópolis
Conhecer o palco de alguns fatos importantes da história do nosso país sempre me fascinou. Moro numa cidade nova, Campo Grande com seus 110 anos ainda está em formação, e embora portal de entrada para o ecossistema mais rico do mundo, o Pantanal, ainda não tem seus olhos voltados para o turismo e cultura, nos forçando a buscar em outros estados o que nos falta aqui. E surgiu, diante de uma decepção amorosa, a necessidade de me dar de presente algo que fosse me fazer bem à alma e ajudar a fechar o buraco do coração. Eu não poderia ter feito melhor escolha: iria conhecer Petrópolis!
Os preparativos
Deixei o entusiasmo tomar conta dos dias que antecederam a viagem. Precisava ocupar minha cabeça, ocupar meu tempo, pois as minhas férias já tinham chegado. Busquei informações na internet, em sites, blogs, comunidades. Li muito, vi muitas fotos e fiquei ao ponto que eu podia ser comparada a uma criança ansiosa na véspera do seu aniversário ou do Natal.
Também pela internet, fiz pesquisa de hospedagem e encontrei um hotel simples, barato e bem localizado, tudo o que eu precisava devido ao cofre estar quase falido... (risos). Lógico que nem todas as informações que consegui dos pontos turísticos foram verossímeis. Alguns desses sites em que pesquisei não eram atualizados há tempos... Mas nada que tenha me atrapalhado. No Orkut, na comunidade de Petrópolis, fui bem recebida e consegui as melhores informações dos moradores daquela cidade.
Quase por água abaixo
Comprei passagem para o dia 06 de abril, e no outro dia eu subiria a serra. Só para lembrar: 06 de abril foi o dia em que Noé se revirou no túmulo com vontade de construir outra arca para o Rio de Janeiro. Não dava mais para recuar. A conexão do vôo em São Paulo durou 7 horas, porque os aeroportos do Rio de Janeiros estavam fechados. A água do mar invadiu a pista do Santos Dumont, e pela internet eu acompanhava o desespero que as pessoas do Rio estavam passando. Quando enfim desembarquei no Rio de Janeiro, a água na Zona Sul, (onde fiquei hospedada) já tinha baixado e consegui chegar ao meu destino, o apartamento da minha tia. Com dor no coração, remarquei a reserva do hotel para a próxima semana, fazendo muita torcida para que o tempo melhorasse, não só pela minha viagem tão sonhada, mas porque da melhora do tempo dependia a vida de dezenas de pessoas soterradas em inúmeros desmoronamentos nos morros do Rio e Niterói.
Deu até uma pontadinha de culpa por ter lamentado o adiamento da subida para Petrópolis enquanto muita gente só queria ter algum familiar vivo... Lamentável!!!
Enfim o dia!
13 de abril. O dia amanheceu lindo! Estava tão excitada que nem consegui comer. Coloquei algumas peças de roupas numa mochila e rumei para a Cidade Imperial, muito feliz e entusiasmada. Eu nem parecia a mulher de duas ou três semanas atrás, chorosa e amargurada por causa de um fora. Realmente eu tinha feito a escolha certa. Alguns curam a dor-de-cotovelo com outro amor, outros curam fazendo compras, outros bebem, outros se matam. Escolhi ir para Petrópolis. Ali eu estava estabelecendo outra história de amor: comigo mesma, me permitindo sim, fazer o que eu queria, sem depender do “sim” de outra pessoa. Ali eu decidiria aonde ir, quando ir, quanto tempo ficar... Sem precisar pedir permissão. Ainda estou em fase de recuperação, mas o remédio que desencadeou a melhora foi sem dúvida essa viagem.
O Roteiro
Já tinha estudado bastante o mapa da cidade no Google Maps e dois minutos depois de desembarcar do ônibus intermunicipal, já estava dentro do circular. Depois fiquei sabendo que eu dei sorte, pois nem todos os ônibus passavam em frente hotel em que me hospedei. Fiz check in, quebrei a plantinha da recepção com minha mochila, guardei minhas coisas, metí no pé num pisante confortável e fui procurar um restaurante para almoçar. Mas meus olhos estavam com mais fome que me estômago. A descrição dos lugares segue as ordens que os visitei, mas cada um encontra a melhor forma de fazer seu roteiro.
Já imaginou, ganhar do marido um palácio construído na França? A sortuda foi a princesa Isabel, que ganhou do maridão, Conde d’Eu (que por ser analfabeta em francês eu pronunciava o nome do homem como se lê). Inaugurado em 1884 destinado a servir de local para exposições e festas, hoje praticamente segue o propósito inicial da sua construção, abrigando eventos culturais e exposições. O lugar é lindo, mas eu não entrei. A visitação externa já é o suficiente para encher os olhos, mas se você tem tempo R$ 5,00 vá em frente. Vale a pena!!! (veja aqui minha visita).
Foto Eduardo Fonseca
Av. Koeler
Um charme de rua que até agora eu não sei como se pronuncia o nome. Ao andar por ela, tem-se a impressão de termos entrado numa máquina do tempo que nos remete ao século XIX...
O nome é uma homenagem ao engenheiro que projetou a cidade, e é um dos recantos mais bonitos de Petrópolis. Quero ser uma capivara com cinco filhos se alguém passou por aquela rua sem ter sonhado ou desejado morar em um dos seus belos casarões. Cortada pelo Rio Quitandinha e ladeada por belas árvores que compõe o clima romântico da rua, é impossível ir a Cidade Imperial sem passar por ela, pois vários dos pontos turísticos da cidade estão à sua volta. E mesmo se desse para desviar, você não ia querer.
Palácio Rio Negro
Lindo de dia, mas imperdível com sua iluminação noturna. Construído em 1889 pelo Barão do Rio Negro, com visitação somente externa (mas pode-se ficar a vontade nos seus jardins e no seu anexo, dos qual falarei em seguida) foi incorporado ao Governo Federal em 1903 e serviu e serve de residência de verão dos Presidentes da República. Quem desfrutou para valer da beleza e conforto do lugar foi Getúlio Vargas, que dos 18 anos em que esteve à frente do País, não deixou de passar um verão em Petrópolis. Lula-lá também já foi. Dilma ou Serra serão os próximos, se não der zebra, mas não quero falar de política. (veja aqui minha visita)
foto Luiz Felipe Fernandes
Museu da FEB
Funciona nos fundos (anexo) do palácio Rio Negro, o pequeno museu foi criado e é mantido pelos veteranos da FEB, com o objetivo de perpetuar a história da FEB na 2ª grande Guerra Mundial. Painel com fotos e vários objetos daquele período (munição, uniformes, capacetes) estão lá exibidos com orgulho para contar a importante participação do Brasil no episódio. “De grátis”!
Catedral São Pedro de Alcântara
Não sou católica, mas me encantam os templos católicos e a arte sacra. Aliás, tudo que é feito com amor e fé me encantam. Essa Imponente Catedral em estilo neogótico francês teve sua pedra fundamental lançada em 1884. Lá repousam os restos mortais, mortinhos da silva, da Família Imperial num belíssimo mausoléu. Imagens jacentes esculpidas em mármore de Carrara (desviando do assunto, mas não posso deixar de falar, que aquele ditado feio, quando o filho é parecido com o pai, dizemos que é “cuspido e escarrado” (eca!) na verdade vem de “esculpido em Carrara”, um tipo de mármore da Itália) nos dão a dimensão de que realmente trata-se de túmulos. Mas belíssimos túmulos. (veja aqui minha visita ao mausoléu)
Se tiver a oportunidade e não tiver labirintite, visite a torre da Catedral, subindo seus 169 degraus. Vai cansar se for sedentário e fumante como eu, mas a vista lá de cima compensa o esforço. Leve grana. Custam oito pilas. Não deixe de ver a noite. A torre ganha lindas luzes azuis que lhe conferem uma atmosfera ainda mais exuberante. (veja aqui minha visita à torre).
Foto Caio Portela
Museu Imperial
Quando lá cheguei, meu coração pulava como se eu fosse ao encontro do meu amor... Que sensação gostosa conhecer algo que tanto sonhamos. A vedete da minha viagem era esse museu. E com razão. É o museu mais visitado do país. O lugar é maravilhoso, o mais bem cuidado ponto turístico que eu já fui em minha vida de todas as cidades pelas quais já passei. A também residência da Família Imperial da Capital da Província, na Quinta da Boa Vista, hoje Museu Nacional, merecia o mesmo tratamento. (veja aqui minha visita ao Museu Nacional, na Quinta da Boa Vista).
O Palácio construído em estilo neoclássico serviu como residência da Família Imperial por quase 40 verões! Seu acervo é riquíssimo, destacando-se as jóias, inclusive a belíssima coroa (que resolveria minha vida financeira), e o imponente e espalhafatoso manto imperial. A sala de jantar também me impressionou. Trocaria fácil meus pratinhos duralex (aqueles que quando quebram fazem mil caquinhos) e copos de extrato de tomate por aquele lindo jogo de cristal.
Infelizmente não se pode filmar ou fotografar, embora depois eu tenha percebido que poderia ter “mocado” meu celular no bolso para fazer isso, me tornando assim uma fora da lei. Até que seria bem emocionante...
Também no Museu Imperial é apresentado o espetáculo Luz e Som nas noites de quinta, sexta e sábado, que não tive a oportunidade de assistir, mas que se tornou um motivo a mais para meu retorno à cidade. E fica aqui minha proposta ao curador do museu, de trocar o jogo de jantar pelo meu. Mas só tenho três pratos. E cada um de uma cor!
Foto Túlio
Palácio Amarelo
Em 1894 foi adquirido pela municipalidade e hoje abriga a sede da Câmara Municipal de Petrópolis. O prédio é lindo mesmo, tem um belo jardim, mas não soube muito da sua história, a não ser que foi residência de um dos conselheiros do Imperador e também do Barão de Guaraciaba. Detalhe para a pintura interna do prédio, que utiliza uma técnica que parece com mármore e madeira. Eu jurava que era mármore e madeira... (veja minha visita ao Palácio Amarelo)
Foto Eduardo Fonseca
Casa da Princesa Isabel
Local onde A Princesa Isabel e Conde d’Eu moraram até a Proclamação da República. A casa foi construída em 1853 e lá hoje funciona a Imobiliária da família. É uma pena, mas a casa não é aberta à visitação, embora eu tenha ouvido falar, e não posso garantir as fontes, porque nem me lembro, que futuramente ela também pode se tornar um museu.
Relógio das flores e Casa de Santos Dumont
Feito em 1972 em comemoração aos 150 anos da Proclamação da República é um relojão que funciona de verdade e com hora certinha, e fica em frente ao também bonito prédio da Universidade Católica de Petrópolis. Logo ao lado, em reforma, “A Encantada”, residência de verão de Santos Dumont. A casa é uma gracinha, uma mistura de casa de boneca com casa da árvore. O segundo museu mais visitado de Petrópolis tinha sua reforma prevista para acabar em 06 de abril, mas devido ao mau tempo atrasou e ficou para próxima visita!!! (Veja aqui minha visita ao relógio das flores e a Casa de Santos Dumont)
Foto Túlio
Praça 14 Bis
Possui uma réplica do invento mais famoso de Santos Dumont, o 14 Bis. Foi inaugurada para comemorar o centenário do primeiro vôo da aeronave. Lindo e frágil. (veja aqui minha visita á Praça 14 Bis)
foto Lyon
Restaurante Nas Nuvens
O lugar é de difícil acesso, por isso não tente fazer isso a pé, pelo menos de noite. Vá de taxi. Eu fui com outro hóspede do hotel, o Júnior, um simpático mineiro, representante comercial que estava na cidade a trabalho e já havia morado lá, por isso conhecia bastante o lugar. Graças a Deus ainda existem pessoas boas no mundo, sem interesses escusos ou com segundas intenções. Foi uma ótima companhia para um passeio noturno muito agradável. É um dos pontos mais bonitos da cidade, com uma vista panorâmica para o Rio de Janeiro de tirar o fôlego. Eu fui a noite, mas se tiver a oportunidade, vá também de dia, e aprecie os mais loucos que você, que próximo desse lugar praticam vôo livre.
Foto Bruno W
Palácio Quitandinha
Construído em 1944 para ser o maior cassino hotel da América Latina, é uma suntuosa construção (50 mil metros quadrados, 6 andares, 440 apartamentos e 13 grandes salões com até 10 metros de altura). Com a proibição dos jogos no Brasil, em 1946, o Quitandinha não conseguiu sobreviver apenas como hotel por muito tempo e seus apartamentos foram vendidos. Atualmente toda a área de entretenimento do lugar está em reforma, por isso não foi possível a visitação interna além do hall, mas só isso já impressiona bastante. Imperdível!
Foto Rose Biscuit
Trono de Fátima
Monumento em homenagem a Nossa Senhora de Fátima, possui uma vista privilegiada do centro histórico da cidade. A cúpula protetora apóia-se em 7 colunas, representado os dons do Espírito Santo. A imagem mede 3,5m de altura e foi esculpida na Itália. Para quem é católico, vale a pena. Para quem não é, também vale, pela vista. (Veja aqui minha visita ao Trono de Fátima)
Euzinha da "fota"
Casa da Ipiranga
Um charme de lugar, embora a construção em si necessite de mais cuidados. Foi construída em 1884 pelo afilhado do Barão de Mauá. Na antiga estrebaria localiza-se o primeiro relógio de torre da cidade e hoje funciona um agradável barzinho. Bom pra namorar. A casa, também conhecida como Casa dos Sete Erros, devido as diferenças nas suas fachadas esquerda e direita, já serviu de cenário para gravações de algumas produções da Rede Globo, como ”Direito de Amar”, servindo de residência ao perverso Barão de Mont Serrat (Carlos Vereza), e também na novelinha “Era uma vez” e “Esplendor”. (Veja Aqui minha visita à Casa da Ipiranga)
Casa de Rui Barbosa e Igreja Luterana
Visitação externa e dois coelhos numa paulada só, pois são uma de frente para a outra.
Nela Rui Barbosa viveu os últimos dez anos da sua vida, até falecer, e carinhosamente a chamava de “Sweet Home”. Hoje é residência particular. Já a Igreja Luterana é o mais antigo templo religioso da cidade, tendo sua pedra fundamental lançada em 1862.(veja aqui)
Casa do Barão de Mauá
Homem de visão, com uma bela história de vida, o Barão de Mauá construiu a primeira estrada de ferro do Brasil em 1854 e por esse feito ganhou o título de nobreza.
A casa que é linda, parece cenário de novela da seis, nas décadas de 50 e 60 serviu de residência de verão para Vinícius de Moraes, que ali compôs “Pobre Menina Rica’. Visitação somente externa
Rua Teresa
Quer deixar uma mulher louca? Dá grana ou um cartão para ela e solta ela na Rua Teresa. Considerada o maior shopping a céu aberto do país, com roupas e acessórios da moda a preços de fábrica. Eu que não ia, para não gastar, não resisti, mas também não me arrependi.
(Veja aqui minha visita à Rua Teresa)
Conclusão
Três dias e duas noites de sonho, um clima maravilhoso, friozinho serrano, foi simplesmente o que eu mais precisava para refletir, colocar minhas idéias em ordem, acalmar meu coração e perceber que posso sim ser feliz novamente.
Quero voltar a Petrópolis com meu filho e também com meu amor, que tenho certeza, Deus está preparando um para mim. De preferência em Lua de Mel.
P.S. As Informações aqui contidas foram pesquisadas no site da Fundação de Turismo e Cultura de Petrópolis, retiradas e folders e prospéctos dos lugares visitados ou inventadas (risos...brincadeira). As fotos sem crédito foram pesquisadas na internet e não possuíam essa informação. Caso seja dono da imagem, gentileza entre em contato para eu inserir os créditos.
Bacana! Belo texto!
ResponderExcluirSua volta por cima através desta viagem e seu texto são cativantes!
ResponderExcluirFiquei muito feliz vendo a sua felicidade.
Que bom que você conseguiu aproveitar.
Bjs, Túlio.
Adorei o texto, a história bem contada.
ResponderExcluirParabéns!!!