domingo, 31 de janeiro de 2010

É difícil...

Pior do que estar sozinha, é ficar doente sozinha. Não ter ninguém para pingar dipirona no copinho, ou ajeitar o travesseiro, o ventilador, fazer um cafuné...Ou quando a coisa aperta, levar ao hospital. A dor dói mais. O mal estar é mais mal ainda, se no meio da noite, após dois ou três telefonemas ter que gastar a grana da feira da semana com taxi, porque ninguém se habilitou em dar uma carona até o pronto atendimento. Meus amigos não estão nessa cidade.
Fazer a compra do mês de ônibus, três ônibus, sacolas e sacolas, paciência do motorista com o embarque e desembarque das mercadorias...rola latinha, quebra ovo, esquece o pão de forma no banco...Tudo para fazer o ticket render um pouco mais, porque no mercado perto de casa tá pela hora da morte. Os amigos? Bem...um não podia, porque a moto era da namorada, não dele. Outro não podia porque era seu horário de almoço...pleno 12:40. O outro estava com a conta negativa no banco (esse coitado achou que eu tava pedindo para ele pagar a compra...hahahaha)...Eu ia colocar combustível...
Mas isso a gente faz para amigos. E amigos...Bem...Os meus amigos e amigas não residem na mesma cidade que eu...

(Salvo Ruthinha, que foi levar e buscar a Jurema no veterinário, com a carro da mãe dela, e não aceitou gasolina. Se ela pudesse, certeza que teria feito essas correrias comigo)

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Cada uma que me aparece


No Ponto de ônibus:

__ Tia, me dá uma moeda (Porra, tia??? O Cara devia ter a minha idade)

__ Não tenho (e não tinha mesmo)

__ Dez centavos

__ cara, foi mal ai, mas não tenho mesmo. To dura.

__ Tia, acredita que ontem fiz aniversário, entrei numa padaria pedir um pedaço de bolo e o cara não deu? Disse que se eu pagasse 50 centavos podia comer o bolo. Povo ruim, tia?

__ É. Hoje não tá fácil pra ninguém.

__ E esse povo que rouba da gente? Dia desses fui pedir para um cara e ele tomou todas as minha muedas...

__ É??? (Essa merda de ônibus que não vem logo)

Silêncio. Viro a página do livro, ainda pensando no bolo do cara. Olho no celular pra ver a hora. Ônibus atrasado...

__ Tia, você sabe o que é bom para assadura na bunda? Se eu for no posto, eles fazem um curativo?

Percebi que o cara tava sentado de ladinho. Coitado.

__ Não vai no posto, porque lá eles vão mandar você tomar banho. Não precisa ir no posto para isso. Toma um banho, lava a bunda, seca bem e passa Hipoglós.

__Tia, me arruma um dinheiro para comprar Hipoglós?

Graças a Deus o ônibus chegou. Corria o risco dele querer me mostrar a assadura.

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Sempre com um livro na mão


Eu que pensava que era uma menina má, perto da protagonista sou a Madre Tereza.

Esse delicioso romande do peruano Llosa é daqueles livros que você não consegue largar. Li em duas tardes.

Ele narra a a trajetória de duas pessoas durante as décadas de 50, 60, 70 e 80. São mais de 40 anos de um amor que cresce cada vez mais (por parte dele, Ricardo, o protagonista, porque ela, meu bem, é uma Madame Bovary do século XX, biscate que só), recheado de encontro e desencontros, verdades e mentiras, violência de doçura, amor e sexo.

Um pouco cansativo ao narrar com detalhes a situação política e social do Peru, Cuba e Europa nos anos 60 e 70, mas vale a pena.

Prepare-se para amar e odiar os personagens. Ela por ser má, egoísta e ambiciosa (na verdade todos somos) e ele por ser ingênuo, apaixonado e altruísta (sim, também somos).

sábado, 16 de janeiro de 2010

Encerrando a série "Afeganistão"

Comecei com "O Caçador de Pipas". Segui por "O Livreiro de Cabul" e pra fechar estou lendo "A Cidade do Sol". O livro narra a história de duas mulheres afegãs com seus conflitos culturais, criações diferentes e destinos cruzados por meio de casamentos arranjados com o mesmo marido que as trata de modo opressivo e violento, e unem-se em busca de uma vida mais digna.
Ao contrário de "O livreiro de Cabul", que é um documentário (mas pode ser tranquilamente lido como um romance) "A Cidade do Sol" é mais uma sensacional ficcção do fantástico Khaled Hosseini. Nem por isso fica a sensação de alívio, por ser ficcção, por aquilo que estamos lendo não ser real, pois sabemos que o narrado ocorre de verdade, séculos a fio e de maneira muito mais cruel.